Trekking Urbano - Un giro in Italia

Essas últimas férias foram longas, seus preparativos tiveram início em março e terminou no dia 18 de agosto de 2009, um dia depois do planejado e que "um dia".

Meu pai sempre foi distante e deste os 13 anos que não o via, e antes disso também nunca soube dele. Tivemos três encontros em toda a vida; um aos cinco anos, outro aos 12 e por fim aos 13. Já não sabia em que pais morava e nem se era ainda vivo. A vontade de procurá-lo existia, mas nunca tive tempo e internet para isso, o que foi resolvido nas férias de janeiro de 2009.

Sem mais desculpas, vestir meu caráter de Sherlock Homes e dei início às pesquisas. Depois de algumas investidas no google, email para amiga na Suiça e telefonemas para amigo na Alemanha encontrei o danado e também meus três irmãos.

Depois disso seguiu-se a festa. Animado com a ideia de ir para a Itália passei o resto do período estudando como um louco para passar em tudo com duas provas e viajar mais cedo. O resultado foi de duas reprovações e alguns records.

Com tudo pronto, talvez nem tão pronto assim, sigo para o Rio com minha sogra, namorada, seu primo e irmã. Lembro-me da ultima vez que vi a Juliana entrando no elevador me dando um tchauzinho e pensei - Puxa! Dois meses sem minha princesa.

No aeroporto conversei com um americano, em francês, e nessa hora vi que meu idioma estava bom. Animado com a capacidade de comunicar em outra língua toda hora chamava as aeromoças da Air France para falar alguma coisa, acho que se elas tivessem a opção me lançariam pela janela sem pára-quedas.

O encontro com meus irmãos em Milão foi gostoso. Jantamos uma pasta (macarrão) e no decorrer dos dias eu fui descobrindo que italiano só come pasta. É Pasta no almoço, é pasta na janta e pasta no dia seguinte. Eles adoram isso e como variedade, mudam o molho e o nome e dizem que é um prato diferente. Cada dia eu ouvia um nome estranho e na esperança de comer um arrozinho com feijão, encontrava uma pasta com a cor diferente. Discutíamos inúmeras vezes de qual era a melhor comida, além do futebol e das mulheres mais lindas. É lógico, o Brasil ganha em todas, mas eles nunca assumiam.

Fiquei um tempo morando com meu irmão, Isak, ou David, em Torino e depois fui para San Remo com a mãe dos meus outros dois irmãos, Giamp e David. Maria Grazia foi uma pessoa maravilhosa e me fez sentir como um filho seu. Chegando lá nos aventuramos em uma mudança. Altas madrugadas tentando mover os móveis sem fazer barulho, mandando os vizinhos chatos irem cagar, em português e passeando pela cidade e arredores.

Alguns acontecimentos merecem serem narrados aqui, segue-se as desventuras em série.

Uma vez que a porta se fechou e ninguém estava com a chave. Maria Grazia surtou, tudo já havia dado errado e agora estávamos trancados no lado de fora. Mas isso não foi problema, pois eu escalei o prédio pela vizinha de baixo e abri a porta. Depois disso fui chamado de "Uomo Ragno".

No meu penúltimo dia de Itália decidimos fazer um churrasco na praia, mas nos atrasamos e saímos de noite. Já não havia uma luz e como não conseguíamos lenha para queimar na fogueira, pegamos os moveis usados e queimamos. Foi um churrasco incrível.

Dei uma de mochileiro duas vezes, uma para Pisa e outra para Gênova, a terra de Cristóforo Colombo. A sensação de colocar uma mochila nas costa e conhecer um pedaço do mundo é inenarrável. Sair sozinho e livre, estar no meio de pessoas de vários países e fazendo parte de tudo aquilo. Conversar em outros idiomas e fazer amigos que duraram alguns minutos e voltar a estar sozinho na caminhada de um solo totalmente novo. É tudo muito incrível.

Em Pisa dei uma volta na cidade e passei o resto do tempo na Piazza Dei Miracoli, aonde fica a torre e outros monumentos. Em Gênova também dei uma volta na cidade, fui em um castelo, navio pirata e em um aquário de tubarões, golfinhos, pingüins, água viva, peixes estranhos, leão marinho...
Também conheci Bussana Vecchia (cidade terremotada), Mônaco (da fórmula 1) e algumas cidades da França.

Indo para Nizza trocar minha passagem ficamos sem moeda para pagar o pedágio. A essa altura meu francês já tinha virado italiano e nós não conseguíamos nos comunicar. Sai do carro pedindo para trocarem o dinheiro para depositarmos as moedas. Sob pressão, pois a fila atrás de nós estava grande e muitos já buzinavam, ao tentar falar francês inventei um idioma que nem eu entendia, o "portitalancês". Maria Grazia ria e ria e eu correndo de um lado para o outro até que me informaram de um caixa que aceitava dinheiro. Entrei na frente dos carros para ela trocar de faixa e conseguimos sair do sufoco rindo pra não chorar.

Por ultimo, essa tal "um dia" de atraso, que durou um filme. Só essa história renderia uma postagem, mas vou resumi-la...

No dia do vôo, não conseguimos comprar a passagem para Milão e então fizemos uma aventura viajando de carro mais de 100Km até conseguir compra-la em outra cidade. Meu voo era as 18:30hs com embarque as 18:00hs. Eu deveria chegar em Milão as 16:15hs e pegar um ônibus de uma hora para o aeroporto aonde chegaria as 17:15hs. Não sei por que, mas quando olhei o relógio do ônibus vi que o trem havia atrasado uma hora, justamente o tempo que eu teria para me resolver dentro do aeroporto. .

Cheguei as seis no aeroporto e subir correndo para o cheking e quando procurei o passaporte, cadê? Havia sido furtado, no máximo há uma hora. Nesse momento fiz o que qualquer pessoa normal faria; entrei em pânico! "Meerrrda! Isso não está acontecendo." Desci até o ônibus e não encontrei minha carteira, fui à polícia e fiz a queixa. Como eu tinha uma xerox do passaporte e um documento original na minha mala, pude viajar. Porem, uma coisa eu não entendia; havia passado mais de meia hora toda essa brincadeira e o avião não havia decolado. Quando me dei conta eram 18:10hs e então percebi que o relógio do ônibus estava uma hora adiantado tendo me desesperado a toa. Com a passagem em mãos desci para o embarque, mas quando cheguei não me deixaram embarcar, mesmo sendo ainda 18:25hs e assim perdi o vôo. Agora sem dinheiro, cartão de crédito e passaporte, como faria para retornar ao Brasil? Vivi a história de um filme, "O Terminal". Graças a Deus, porém, havia minha sogra a qual recorri e solucionou tudo.
Assim fui recebido pela minha gatinha no dia 19 de setembro de 2009, com "um dia" de atraso.
Boa Aventura! David Guilherme Fonseca.